Disse a mim própria que não iria escrever sobre isto, que iria permitir que isto me afetasse mais do que devia, mas tenho de o fazer. Tenho de escrever, de me libertar, de me fazer entender a mim própria. O que é, afinal de contas, "afetar mais do que devia"? Não há uma medida certa para a dor nesta situação.
Sim, finalmente admiti para mim própria que isto me magoava realmente e que não valia a pena continuar a fugir ou evitar o assunto. Magoa-me a tua frieza, acima de tudo; a confusão que é ver-te olhar para mim com o ar de
sinto-me tão bem por ver a dor nos teus olhos e poder brincar com isso a meu favor. You're such a bitch - é o melhor elogio que te posso dar, neste momento. Tanta superioridade acaba por te fazer pequena e deixa-me confusa, para ser honesta, ver que uma pessoa que eu julgava tão grande, ser, na verdade, mesmo tão pequena. Como é possível seres tão antagónica? E porque é que me escolheste para agora me descartares?
No fundo, se calhar a culpa é minha; é sempre minha. Mas, sinceramente, desta vez não compreendo o que se passa nem por que se passa. Nem compreendo porque é que isso me dói, por que me dói ver-te com os outros e não comigo -
porque me fizeste sentir a única especialmente escolhida, quando na verdade era só mais uma na tua longa lista de afilhados. Ainda assim, devo admitir que é patético da minha ter alguma vez achado que era especial, que era alguém, que era sequer uma amiga útil e de
prioridade. Afinal sou só uma opção, que agora se encontra bem no fundo da tua lista. Espera aí, estarei ainda na tua lista, sequer?
Whatever... Não é assim tão
Whatever, mas eu faço por que seja, para que não magoe mais, nem a mim, nem aos outros que me veem assim. Maldita mania dos meus olhos serem transparente e mostrarem tão claramente a dor que é olhar para ti e ver uma pessoa vazia, vazia daquilo que me mostrava ser, mas cheia daquilo que realmente é.
Eras uma amiga. Penso que, por agora, sejas apenas uma desconhecida na qual ainda reconheço muitos traços. Não sei chegar a ti nem sei ser o tipo de pessoa que gostas. Na verdade, nem sei se quero ser essa pessoa. Sinto a tua falta, é um facto, deixaste o lugar de madrinha vazio e eu não o consigo ocupar. Talvez tu não queiras voltar ao teu lugar ou eu não te queira deixar voltar lá, porque sei que vou acabar magoada outra vez pelas tuas atitudes sem sentido. A sério, não há muito mais que eu possa fazer.
Agora é a tua vez.