terça-feira, 17 de novembro de 2015
Foi um verdadeiro break free, passar por estas oito semanas. Descobri-me, descobri o que quero ser, descobri o que não quero ser, trabalhei no duro e cresci. Sinto, finalmente, que o meu trabalho foi recompensado e estou mesmo orgulhosa de mim por não ter desistido, por ter sido resiliente, por ter sobrevivido. Por ter definido um pouco aquilo que eu sou e quero ser. Tenho a certeza que estou no sítio certo. Um obrigado não chega.
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sábado, 29 de agosto de 2015
Antes de mais, deixem-me dizer que não sou destas coisas. Não gosto de fazer discursos moralistas públicos porque são feitas a minha moral, as minhas ideias, os meus pensamentos, e todos nós temos uma perseção diferente do que nos rodeia; assim sendo, o que me serve a mim, sei que não servirá aos outros. Peço que tomem atenção à mensagem que tento passar e que façam um exercício de reflexão pessoal, que decidam para vocês o que é o certo e o que é o errado, mas que não me crucifiquem se a minha opinião/perceção for diferente.
Há precisamente 54 dias (algo como cerca de um mês e três semanas), cortei 40 cm do meu muito longo cabelo: deixei de o sentir acabar na anca, para passar a senti-lo acabar no pescoço, algures entra a linha do queixo e os ombros. Não fiz grande alarido sobre isso, não fui partilhar no facebook qual o destino do meu cabelo cortado, não quis que toda a gente soubesse que o cortara para o ir entregar ao IPO, porque depois teria de lidar com todos as mensagens de congratulação, algumas delas certamente hipócritas, sobre este gesto que não me devia ter custado nada, mas que me custou bastante (mas sobre isso falo mais à frente, depois de passar a mensagem que realmente quero passar).
Quando fui, efetivamente, entregar o cabelo à Liga Portuguesa Contra o Cancro (sim, é a Liga que o recebe, não é o IPO), dirigi-me à receção da mesma e estendi o saco onde estava o cabelo, dizendo que o vinha entregar. A senhora que me atendeu entregou-me friamente um retângulo de papel meio brilhante onde a entidade agradecia o meu gesto, mas as palavras dela diziam-me algo diferente: pediu-me para espalhar pelas redes sociais que já não podiam aceitar mais cabelo, que saía demasiado caro fazer perucas de cabelo natural (cerca de 500€ cada uma), que era mais dispendioso para as pessoas que as tinham (porque só podiam ser tratadas em cabeleireiros e não em casa, ao contrário das perucas artificiais) e que a Liga precisava daquele dinheiro para os medicamentos e para transportar os doentes até às consultas. Acho que a minha mãe percebeu que eu não sabia o que dizer e respondeu por mim, dizendo que era perfeitamente compreensível e tentando perceber se não seria possível a Liga vender o cabelo que recebia para, em simultâneo, receberem o dinheiro de que tanto precisam e manterem viva a possibilidade de se continuar a fazer perucas de cabelo natural. A senhora disse, vezes sem conta, que tinham leis que não lhes permitiam fazer isso e que tinha sido uma luta até chegarem ao ponto onde se encontravam atualmente. Não me revoltei com o que ouvi, fiquei apenas em silêncio, a processar o que tinha absorvido e a pensar no que poderia fazer para poder ajudar eficazmente quem precisa, uma vez que fiquei com a sensação que apenas tinha ido atrapalhar, em vez de ajudar.
Não pensei mais na conversa até hoje, até ter lido um texto de uma rapariga revoltada que fez o mesmo que eu e que teve as mesmas respostas que eu; foi quase um dejá vù, sabia o que ia aparecer na linha seguinte do diálogo sem a ter lido ainda. No fim desse texto, ela pedia para que a sua mensagem de revolta fosse espalhada, para que se arranjassem voluntários para fazer as perucas e dizia que tinha pena do país em que vive.
Acho que no fim desse texto, apenas consegui revoltar-me com a rapariga. Talvez por estar na área da saúde, percebo como são importantes as consultas de vigilância, como é importante não parar um tratamento a meio por falta de medicamentos, como é importante construir uma auto-imagem que traga confiança, paz interior e algum conforto. Talvez por estar na área da saúde, perceba porque é que não podemos focar-nos apenas nas perucas ou apenas nos tratamentos. As pessoas são um todo, ficam doentes física e psicologicamente, têm de lutar contra a doença e, muitas vezes, contra si próprias, contra uma insistente vontade de desistir de tudo e de dormir para sempre ou até tudo estar curado. Como tal, de decidirmos fazer uma doação de cabelo, então que façamos também uma doação monetária.
Todos temos os nossos mimos pessoais: de vez em quando compramos aquela camisola ou aquelas calças ou aquela-outra-coisa-qualquer-que-nós-queremos-no-momento e à qual não vamos voltar a dar atenção tão cedo. A minha sugestão/apelo/consciencialização é de que, de vez em quando, abdiquemos que qualquer coisa que queremos, peguemos nesse dinheiro e o coloquemos numa caixa. Ao fim de umas semanas ou meses, peguem nessa caixa e entreguem o dinheiro que lá está dentro ao IPO ou a outra instituição que seja da vossa vontade. Há pessoas que não têm dinheiro para se deslocar até às consultas e para comprar os medicamentos; este dinheiro fará, com certeza, toda a diferença nas suas vidas. Se tiverem algum tempo livre, ocupem parte dele fazendo voluntariado; a presença de alguém que está lá de alma e coração fará, com certeza, toda a diferença nas suas vidas.
Para terminar, deixem-me só dizer mais isto: se a mim me custou "perder" intencionalmente 40/45cm de cabelo, olhar ao espelho e não me reconhecer, mesmo ainda tendo a cabeça cheia de cabelo, não consigo nem imaginar como será perder todo o cabelo sem que isso tenha sido uma escolha pessoal; como será olharmo-nos ao espelho, vermos a nossa pele vazia de cabelo e sabermos que não tivemos escolha, se tudo o que queríamos era sobreviver a uma doença que nos devora de dentro para fora?
Espero não vos ter revoltado, espero não ter sido demasiado moralista, espero que não tenham achado isto hipócrita. É só o que penso e não o escrevi para ofender ninguém, nem para afrontar ninguém. Espero que compreendam o que quis dizer. Obrigado.
Há precisamente 54 dias (algo como cerca de um mês e três semanas), cortei 40 cm do meu muito longo cabelo: deixei de o sentir acabar na anca, para passar a senti-lo acabar no pescoço, algures entra a linha do queixo e os ombros. Não fiz grande alarido sobre isso, não fui partilhar no facebook qual o destino do meu cabelo cortado, não quis que toda a gente soubesse que o cortara para o ir entregar ao IPO, porque depois teria de lidar com todos as mensagens de congratulação, algumas delas certamente hipócritas, sobre este gesto que não me devia ter custado nada, mas que me custou bastante (mas sobre isso falo mais à frente, depois de passar a mensagem que realmente quero passar).
Quando fui, efetivamente, entregar o cabelo à Liga Portuguesa Contra o Cancro (sim, é a Liga que o recebe, não é o IPO), dirigi-me à receção da mesma e estendi o saco onde estava o cabelo, dizendo que o vinha entregar. A senhora que me atendeu entregou-me friamente um retângulo de papel meio brilhante onde a entidade agradecia o meu gesto, mas as palavras dela diziam-me algo diferente: pediu-me para espalhar pelas redes sociais que já não podiam aceitar mais cabelo, que saía demasiado caro fazer perucas de cabelo natural (cerca de 500€ cada uma), que era mais dispendioso para as pessoas que as tinham (porque só podiam ser tratadas em cabeleireiros e não em casa, ao contrário das perucas artificiais) e que a Liga precisava daquele dinheiro para os medicamentos e para transportar os doentes até às consultas. Acho que a minha mãe percebeu que eu não sabia o que dizer e respondeu por mim, dizendo que era perfeitamente compreensível e tentando perceber se não seria possível a Liga vender o cabelo que recebia para, em simultâneo, receberem o dinheiro de que tanto precisam e manterem viva a possibilidade de se continuar a fazer perucas de cabelo natural. A senhora disse, vezes sem conta, que tinham leis que não lhes permitiam fazer isso e que tinha sido uma luta até chegarem ao ponto onde se encontravam atualmente. Não me revoltei com o que ouvi, fiquei apenas em silêncio, a processar o que tinha absorvido e a pensar no que poderia fazer para poder ajudar eficazmente quem precisa, uma vez que fiquei com a sensação que apenas tinha ido atrapalhar, em vez de ajudar.
Não pensei mais na conversa até hoje, até ter lido um texto de uma rapariga revoltada que fez o mesmo que eu e que teve as mesmas respostas que eu; foi quase um dejá vù, sabia o que ia aparecer na linha seguinte do diálogo sem a ter lido ainda. No fim desse texto, ela pedia para que a sua mensagem de revolta fosse espalhada, para que se arranjassem voluntários para fazer as perucas e dizia que tinha pena do país em que vive.
Acho que no fim desse texto, apenas consegui revoltar-me com a rapariga. Talvez por estar na área da saúde, percebo como são importantes as consultas de vigilância, como é importante não parar um tratamento a meio por falta de medicamentos, como é importante construir uma auto-imagem que traga confiança, paz interior e algum conforto. Talvez por estar na área da saúde, perceba porque é que não podemos focar-nos apenas nas perucas ou apenas nos tratamentos. As pessoas são um todo, ficam doentes física e psicologicamente, têm de lutar contra a doença e, muitas vezes, contra si próprias, contra uma insistente vontade de desistir de tudo e de dormir para sempre ou até tudo estar curado. Como tal, de decidirmos fazer uma doação de cabelo, então que façamos também uma doação monetária.
Todos temos os nossos mimos pessoais: de vez em quando compramos aquela camisola ou aquelas calças ou aquela-outra-coisa-qualquer-que-nós-queremos-no-momento e à qual não vamos voltar a dar atenção tão cedo. A minha sugestão/apelo/consciencialização é de que, de vez em quando, abdiquemos que qualquer coisa que queremos, peguemos nesse dinheiro e o coloquemos numa caixa. Ao fim de umas semanas ou meses, peguem nessa caixa e entreguem o dinheiro que lá está dentro ao IPO ou a outra instituição que seja da vossa vontade. Há pessoas que não têm dinheiro para se deslocar até às consultas e para comprar os medicamentos; este dinheiro fará, com certeza, toda a diferença nas suas vidas. Se tiverem algum tempo livre, ocupem parte dele fazendo voluntariado; a presença de alguém que está lá de alma e coração fará, com certeza, toda a diferença nas suas vidas.
Para terminar, deixem-me só dizer mais isto: se a mim me custou "perder" intencionalmente 40/45cm de cabelo, olhar ao espelho e não me reconhecer, mesmo ainda tendo a cabeça cheia de cabelo, não consigo nem imaginar como será perder todo o cabelo sem que isso tenha sido uma escolha pessoal; como será olharmo-nos ao espelho, vermos a nossa pele vazia de cabelo e sabermos que não tivemos escolha, se tudo o que queríamos era sobreviver a uma doença que nos devora de dentro para fora?
Espero não vos ter revoltado, espero não ter sido demasiado moralista, espero que não tenham achado isto hipócrita. É só o que penso e não o escrevi para ofender ninguém, nem para afrontar ninguém. Espero que compreendam o que quis dizer. Obrigado.
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quarta-feira, 24 de junho de 2015
365 novas oportunidades de reconhecer o erro, a falha, a realidade e a ausência. 365 oportunidades de desligar o botão da tristeza e seguir em frente, ter a resiliência necessária para fazer de mim alguém decente. 365 oportunidades de cair e de me voltar a levantar.
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domingo, 24 de maio de 2015

Talvez o problema seja meu, talvez seja por isso que não tenho amigos. É do meu feitio de merda? Do mau humor matinal? Será por não querer mais ser pisada e às vezes responder como não devia?
Não queria voltar a ficar sozinha no meio de tanta gente, mas se calhar é mesmo isso que está a acontecer outra vez. Não sou agradável, nobody wants to stick around. Como é que eu lido com isso? Como?!
Devo manter-me fiel a mim mesma ou devo mudar para manter quem eu queria à minha volta?
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quinta-feira, 23 de abril de 2015

things won't change until we do
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