sábado, 24 de dezembro de 2011

A rua era cinzenta, tinha um ar desleixado. Na calçada já haviam pedras em falta. Havia lixo espalhado no chão, um odor pouco agradável pairava no ar. Era de noite e estava frio. As lâmpadas dos candeeiros já estavam velhas, tornando-se a luz fraca e intermitente. Joanne percorria toda a rua, apavorada, na esperança de chegar depressa a casa. Eram os cinco minutos mais tortuosos do seu dia.
O restolhar das folhas velhas no chão transformava-se nos passos de alguém que a seguia; os assobios do vento eram as vozes que a chamavam, tentando aliciá-la; a escassez de luz era uma mar de paranóias que a perseguiam. Uma vez mais, Joanne olhou por cima do ombro. A sua visão periférica captára algum movimento. Era a sua sombra, apenas a sua sombra. Joanne era perseguida pela sua sombra, pela sua ignorância. Finalmente o fim da rua aproximava-se. Alcançou a porta de casa e subiu os degraus da entrada dois a dois. Finalmente sentia-se segura: estava em casa. Já não havia sombra que a perseguisse nem ignorância que a atormentasse.