Desde há muito que me dizes que sabes sempre aquilo que eu sinto. Muitas vezes erras mas também acertas, mais vezes do que eu gostava. Por mais que esconda o que sinto, seja amor, ódio, vergonha, desejo, desilusão, tu afirmas que consegues sempre saber, mesmo que eu não diga uma palavra nem que altere sequer a minha expressão. Dizes que os meus olhos fazem de mim uma pessoa completamente transparente.
Quando te aproximas, quando falas comigo, eu baixo a guarda, fico mais despreocupada e tu descobres tudo o que me "vai na alma". Os meus olhos dizem tudo o que precisas de saber. Basta observares com atenção, as respostas estão todas lá.
Sabes que não gosto de te dizer não. Sabes que me magoa dizer-te que não. Sobretudo, sabes que muitos dos meus "não" escondem o "sim" mais desejado por ambos, e que, na maior parte das vezes, apenas os escondo por vergonha ou por medo.
Sorrio, a maior parte do tempo. Mas quando esse sorriso desaparece e quando eu fico em baixo, (in)voluntariamente eu procuro-te, porque sei que, mesmo sem proferir uma única palavra, mesmo sem te dizer qual é o meu problema, tu consegues confortar-me da melhor maneira.
Apenas olho para ti e deixo que sejas tu a adivinhar o que me vai no pensamento. Olho para ti e fico à espera, feita parva, que tu adivinhes o que se passa. E sei que tu o fazes muitas vezes, só por contemplares a inocência do meu olhar.
Eu sei que consegues, melhor do que ninguém.

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