segunda-feira, 26 de setembro de 2011

ombro amigo

  - Estás bem?
  Na sua cabeça, ela procurava a melhor resposta. Dizer que sim seria o equivalente a mentir à descarada mas também não o queria preocupar ou tirá-lo do seu actual estado de felicidade. Além de que ela não tinha hipóteses, não lhe conseguia mentir, ele sabia exactamente o que lhe pairava no espírito.
  - Eu... - hesitou, baixou o olhar. voltou a fitar aquele penetrante olhar azul-esverdeado - Eu... não estou nos meus melhores dias. não estou a 100% mas vou andando, com calma.
  - Mas o que se passa?
  - Hmm... nada de especial ou melhor nada em especial. Passam-se demasiadas coisas, sabes? Quer dizer... esquece, é melhor.
  - Nem penses! Tu não estás bem. Começa a falar, estou à espera.
  - Epá, sabes que mais?! Um dia disseste-me que eras um excelente ombro amigo, perfeito para quando precisamos de chorar. Quero ver essa tua utilidade, então!
  Dito isto, desfez-se em lágrimas no abraço apertado e reconfortante dele. Tudo ia ficar bem, agora sentia-se segura disso. Contudo, tinha consciência de que essa sensação a abandonaria, da mesma maneira que aqueles braços também a abandonariam. Apertou-o com mais força e sentiu um novo soluço subir-lhe pela garganta.
  E assim ficaram eles, durante algum tempo, até ela ter esgotado todas as lágrimas, até ele ter os braços doridos de tanto a apertar.

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